A CIGARRA E A FORMIGA
Quem um dia não ouviu
a história tão famosa
da cigarra e da formiga –
fábula tão primorosa?
Pois fiquem sabendo, então,
que outra história conheci
tendo as mesmas personagens.
E vou contá-la aqui.
Como já está sabido,
a formiga trabalhava,
pro futuro armazenando;
e a cigarra, só cantava.
Chegou, finalmente, o dia
de alimento rarear:
a Natureza dormindo
nada tinha para dar.
A cigarra, esfomeada,
da formiga se lembrou
e, sabendo-a precavida,
sua casa procurou.
“Sei que lá em sua casa
muita comida guardou.
Pedir-lhe um pouco agora
Pra alimentar-me eu vou”.
Chegando à casa da amiga,
na grossa porta bateu.
A dona, ao ver quem era,
disfarçou e não atendeu.
Mas a cigarra, faminta,
continuou a insistir,
pois sabia que a formiga
lá estava a residir.
E tanto bateu à porta
que a formiga se enervou –
saindo de sua casa,
com a cigarra gritou:
“Sei que queres alimento –
ouro de trabalhadora.
Enquanto eu labutava,
só sabias ser cantora.
Por isso, nada me peças,
vá seguindo teu caminho.
Preparei-me pro futuro
sem descansar um tiquinho...”
Tão exaltada ficou
com a cigarra a formiga
que, sentindo-se tão mal,
morreu aos pés da ex-amiga.
A cigarra, enfraquecida,
deixou-se em terra cair.
Porém, antes de morrer,
pôde ainda refletir:
“A formiga só viveu
em função de seu porvir;
nada aproveitou da vida,
prazer não pôde sentir.
Se tivesse de escolher
entre os nossos dois destinos,
só escolheria o dela
se estivesse em desatino.
Afinal, nada adiante
trabalhar sem descansar,
não aproveitando a vida,
só pensando em poupar.
Quem comete este erro,
passa pela vida à toa;
nada sabe dos prazeres
de uma existência boa.
Mas quem aproveita a vida,
morre feliz como eu”.
E assim pensando, a cigarra
deu um suspiro e morreu.
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